domingo, 24 de abril de 2011

Uma Floresta Fria.

Andávamos pela floresta há dias. A sua vasta florestação não permitia que lhe visse o fim. Acho que só estava vivo, por estar contigo. Eras tu que fazias com que o meu coração continuasse a bater. Estava cansado e sem forças, começava a pensar que jamais sairíamos dali. Aquela não era uma floresta normal, havia um ar intensamente frio que predominava naquele padrão tão negro. Não havia qualquer ser vivo, as árvores estavam cinzentas e o céu muito negro, como nunca antes o tinha visto. Caímos lado a lado à espera do fim. Sabíamos que a partir do momento em que um dos corações parasse, o outro pararia também. Apesar do frio intenso que pairava no ar, sentia o teu corpo quente e afável. Morreríamos juntos, tal e qual como sempre o desejámos. Não tive medo de que a morte se deparasse sobre mim, sabia que quando acordasse, fosse onde fosse, tu estarias ali à minha espera, para que juntos prosseguíssemos viagem. A escuridão apoderou-se de mim de uma forma incrivelmente rápida e tudo o que ouvia era o teu pensamento... Onde estaria eu? Voltaria a ver a luz do dia? Porque é que já não sentia o teu calor? Será que nunca mais te veria? Não, acho que para estas perguntas jamais obteria resposta, por isso, deixei que a morte tomasse conta de toda a minha alma...

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O Lago.

Há muito tempo que estava a caminhar... A tua voz ecoava na minha cabeça a chamar por mim. Não te conseguia encontrar e essa espera consumia-me. Parei para pensar para que lugar te poderiam ter levado. Há uns dias tinhas-me dito que se te quisesse encontrar, bastava ir ao lago onde nos conhecemos. Não, não podia ser uma simples coincidência... Tu sabias que te iam levar de mim, sabias-o desde sempre. Não mo disseste para impedir que me matassem, fizeste-o sobretudo por amor... Levantei-me e continuei o meu caminho desta vez para o maravilhoso lago, porque afinal, já não haveria mais nada que eu pudesse perder. A esperança de chegar a tempo, corria-me pelas veias. Estava a chegar ao lago quando reparei na lua. Tua adoravas vê-la brilhar e eu adorava ver o brilho dos teus olhos. Quando cheguei ao lago, estavas deitada no chão, quase sem vida.
«Fica comigo... Fica por nós.». A minha alma estava a ser comandada pelo desespero.
«Claro, jamais te deixarei.». As lágrimas escorriam pelos nossos rostos, sabendo que aquilo estaria longe de não ser um adeus.
«Amo-te, nunca te esqueças disso...». Não sei se ouviste, mas com o sentimento que o disse, sentiste-o de certeza. Naquele momento tinhas fechado os olhos e a Lua, nunca mais voltou a brilhar como brilhava antes...

domingo, 17 de abril de 2011

Um Mundo Negro E Sem Vida...

As imagens daquela noite não me saíam da cabeça... A insaciável vontade que tinha de vingar a tua morte era quase insuportável... Quem te tirou deste mundo, sem saber, tirou-me a mim também. De mim tiraram a força e a coragem para todos os caminhos que me faltavam percorrer. Só contigo é que eu o podia fazer. Neste mundo deixaram um corpo, sem a sua alma e sem o seu espírito, um rosto sem emoções, que seria incapaz de deitar uma única lágrima ou de esboçar um sorriso. Literalmente, mataram-me também... Quem perde alguém como eu te perdi a ti, sabe que não existe dor pior que essa. Eu queria ir ter contigo mas o meu corpo não me obedecia. Não parava de ouvir a tua voz a ecoar na minha cabeça. Os meus olhos permaneceriam vazios e negros eternamente, o meu coração seria incapaz de bater tão rápido como batia. Sem ti, o mundo tornou-se negro e sem vida. Era como se o Sol e a Lua já não brilhassem, como se o mar já não ondulasse e como se do céu já não caísse uma única gota...

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Eu Estou Aqui...

O tempo esgotava-se a uma velocidade incrível... Pensava em ligar-te para te dizer que tão longe de ti jamais viveria. Apesar dos anos já vividos, o teu rosto aparecia nos meus sonhos todas as noites. Continuava belo, com a luz da lua a incidir sobre o brilho da tua pele. A vontade de ficar a sonhar era muito maior à vontade de voltar à realidade. Olhei para o relógio e estava na hora. Deixaria este mundo para que no próximo pudesse estar perto de ti. Serias a única a conseguir ver-me, serias a única a sentir o meu toque. Traria comigo todo amor que por ti sentia, levá-lo-ia até ti para que nossa história tivesse um fim. Escorria-me uma lágrima pelo rosto, pondo em causa a minha decisão. Liguei-te e disse-te que iria ter contigo, apesar da forma como o faria ser diferente das mais comuns. «Quer seja dia, quer seja noite, eu estarei sempre contigo, acompanhado de todo o amor que tenho para te dar...» Desliguei a chamada, olhei uma última vez para lua com a chuva a bater-me no corpo, e saltei... «Amor, estou aqui de uma maneira ou de outra, finalmente estou aqui...». Conseguia distinguir as tuas lágrimas da chuva que incidia sobre nós. E a noite ficou completa, com um beijo repleto de amor e muita saudade...