quinta-feira, 21 de julho de 2011

Promete-me...

«Promete-me que quando eu morrer, não vais jorrar uma única lágrima.»
«Mas isso é impossível... Sabes que a saudade sempre foi inimiga do amor.»
«Não... A principal inimiga do amor é a indiferença. A saudade é a prova que o amor é realmente verdadeiro.»
Estávamos deitados na nossa casa de campo e pensávamos em todos os momentos já vividos. Eram momentos carregados de sentimentos intensos, sentimentos esses que jamais serão esquecidos, memórias passadas que permanecerão nas nossas mentes até ao fim das nossas vidas. Morreríamos com o mesmo amor do primeiro dia em que nos vimos.
Passava os meus dedos pelo teu cabelo loiro. Era suave e brilhante.
«Quando morreres, quem é que me vai fazer aquilo que tu estás a fazer? Quem é que me vai sussurrar ao ouvido a palavra amo-te, quem é que me vai ouvir como tu ouves, quem é que me irá proteger de todos os perigos do mundo? Quem é que vai tomar conta de mim?»
«Se o céu me permitir, tomarei conta de ti o resto da minha eternidade, até que venhas ter comigo.»
«Não, eu não quero viver sem ti, eu não sei viver sem ti e também não quero aprender. Eu amo-te tanto que a palavra não deveria chamar-se amor.»
Uma lágrima escorreu-me pelo rosto. Não tinha arranjado argumentos para contrapor o que disseste.
«Claro, levar-te-ei comigo para onde quer que vá...»
«Prometes?»
«Prometo.»

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O Precipício...

O silêncio tomava conta de toda a floresta. Tinha percorrido todo o mundo à tua procura, aquele era o ultimo lugar onde o tinha que fazer. As lágrimas começaram a escorrer-me pelo rosto, não havia qualquer sinal de ti... Ouvia os teus pensamentos cada vez mais perto à medida que ia andando.
«Continua, estás quase a consegui-lo! Eu estou mesmo aqui amor!».
«Onde? Tudo o que eu vejo é escuridão...»
Continuei a andar até que cheguei a um precipício.
Observei o meio que me envolvia num sentimento de tristeza e dor. O céu estava negro, com imenso nevoeiro. Olhei para baixo, tentando ver o fim daquele precipício. Parecia infindável, tal como, o desespero que sentia. Estava virado para o precipício a pensar o quanto gostava de ti. Até então não tinha encontrado palavras para descrevê-lo.
« Não desistas. Estás mais perto que nunca, eu estou aqui!»
Olhei à minha volta mas não estavas em sítio algum. Virei-me novamente para o precipício tentando ver para além do nevoeiro. Nada...
«Eu... Não te encontro! Por favor diz-me onde estás, diz-me o que tenho que fazer para te encontrar novamente!».
«Só tens que dar um passo em frente meu amor...».
Quando tomei a realidade daquelas palavras, as lágrimas caíram-me novamente. Estavas morta.
«Aguenta, aguenta só mais um bocadinho amor...».
Dei um passo em frente e deixei que o infindável precipício tomasse a minha alma...

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Dei Um Passo Em Frente...

A saudade que sentia fazia com que perdesse todas as forças. Sabia que jamais te voltaria a ver senão noutra vida. Mas não podia parar de te procurar...
Encontrava-me no cimo de um prédio. De lá, conseguia ver as luzes de toda a cidade numa fantástica harmonia com a luz das estrelas.
Só havia um lugar onde não te tinha procurado: na morte.
Antes de te procurar lá, precisava de saber que não estarias noutro lugar...
Começou a chover e as lágrimas escorriam-me do rosto. Agora sabia que não estavas no mesmo mundo que eu, agora eu tinha certezas e respostas.
Subi para o para o parapeito do prédio pronto para saltar.
«Não faças isso, eu estou bem e a seu tempo tu virás ter comigo.».
Era a tua voz, eu sabia-o. Olhei para trás mas tu não estavas lá.
«Eu não aguento nem mais um segundo sem ti amor. Tu não estás bem, nunca soubeste mentir. Aguenta, eu estou a chegar.».
Sem te dar tempo para responder, dei um passo em frente...

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Lembra-te Da Chuva...

Olhava pela janela do meu quarto, vendo a esplêndida mistura de luzes que a grandiosa cidade me proporcionava. Segurava um copo de whisky enchido apenas até meio e pensava naquilo que para mim, desde sempre, fora inevitável.
Onde estarias tu? Procurava-te há imenso tempo, mesmo sabendo que haviam hipóteses de te encontrar sem vida. Dei um gole.
Este queimou-me a garganta.
De seguida, olhei para as nuvens na esperança que elas me dessem uma resposta... Mas nada.
Na minha mente, a única imagem que via, era a do teu rosto. As saudades e o desespero de talvez nunca mais te ver destruíam-me a alma.
«Nunca te esqueças, que por muito longe que esteja, estarei sempre a teu lado... A chuva... Lembra-te da chuva...» - Lembrava-me agora das ultimas palavras que proferiste...
«E onde é que estás agora?! Onde é que estás quando eu mais preciso de ti?!» - Num acto de tamanha inconsciência atirei o copo contra a parede, voltando-me de costas para a janela.
Voltei-me novamente na tentativa de encontrar uma resposta nas nuvens. E começou a chover. Agarrei no meu casaco e saí. Ia ter contigo, quer estivesses longe ou perto, a chuva dar-me-ia todas as respostas que precisava.
Na rua, já com o peso da chuva sobre o corpo, sorri:
«Obrigado!».