domingo, 11 de novembro de 2012

Vida A Preto E Branco.

O jardim estava tão vazio como o meu coração.
O vento agitava furiosamente as árvores e os arbustos.
O meu cabelo dançava ao sabor do mesmo e o meu coração batia cada vez mais depressa. Na verdade, era a única coisa que me fazia acreditar que ainda estava vivo. Desde que partiste que eu nunca mais fora o mesmo. Os meus olhos deixaram de brilhar e de ver a beleza nas coisas, os meus lábios, desde então, não haviam expressado um único sorriso. As minhas lágrimas secaram e a vida deixou de ter qualquer significado. Tudo era a preto e branco, sem qualquer ponta de luz para iluminar a escuridão.
Pergunto-me onde estarás neste preciso momento; pergunto-me para onde a morte te terá levado.
«Para longe de mim, é certo...».
Depressa fui para casa. Deitei-me na cama e contemplei a imagem da Lua. Já nem o seu brilho brilhava como antes...
Decidi ir dormir.
Todas as noites rezava para que, no dia seguinte, não estivesse lá para ver o Sol nascer...

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Eu Vou Encontrar-te...

A luz da Lua incidia sobre o mar, a areia estava fria e não havia ninguém de mim naquela praia.
Uma leve brisa passava-me pelo rosto. Decidi deitar-me e observar as estrelas. Era magnificamente perfeito a intensidade do seu brilho. Era um jogo de luzes mágico e cativante que cintilava à medida que o meu coração ia batendo. Faziam-me viajar ao passado. Todas as alegrias, todas as tristezas eram revividas numa simples contemplação das estrelas.
Pelo meu rosto passeavam agora lágrimas. A tua imagem incidira na minha mente e quando isso acontecia, era inevitável tentar não derramar uma lágrima.
Limpei o rosto e pus-me de pé.
«Eu vou encontrar-te!», gritei com a esperança de que me pudesses ouvir.
De seguida, debrucei-me de joelhos sobre a areia e já sem força para as conter, explodi em lágrimas...
«Eu vou encontrar-te, prometo...», disse-o sussurando.

domingo, 22 de julho de 2012

Dormência

Os candeeiros da rua piscavam de tão fracas que estavam as suas luzes.
O meu coração batia lentamente; parecia que já não tinha força para bater. Acendi um cigarro e no maço li "Fumar Mata". Na realidade, eu já estava morto. Levaste contigo todas as minhas forças. Levaste contigo a vontade que tinha de sorrir, de chorar, de viver; levaste contigo a minha alma e com ela, todo o amor que sentia.
Agora, vou vivendo com as memórias e recordações do passado, que invade o meu pensamento a cada segundo que passa.
As pessoas passavam e tremiam com o frio. Há muito tempo que deixara de sentir o que quer que fosse. O meu corpo e a minha alma entraram em plena dormência. Perdi a fé, perdi a esperança, perdi tudo o que me fazia querer viver... Já faz algum tempo em que podia dizer que era feliz...

quarta-feira, 18 de abril de 2012

As Estrelas...

No extenso prado que cobria grande parte daquela floresta, observava a chuva de estrelas.
Estrelas ardentes passeavam no Universo gelado, dando fogo e luz ao mesmo. Mas ainda mais longe de mim do que as estrelas estavam, estavas tu. A dor da distância fazia-me perder a força e a vontade de viver. A minha esperança esgotara-se e no meu mundo, as únicas coisas que residiam, era o preto e o branco. Não havia cor em lado algum, excepto nas estrelas. As estrelas dançavam alegremente pelo céu...
Talvez fosses tu que estivesses a olhar por mim dali de cima... O teu rosto veio-me à memória e o meu coração falhou uma batida. A minha respiração começou a ficar mais lenta e a saudade que habitava no meu coração começou a espalhar-se pelas minhas veias como um veneno. Lutava constantemente para me agarrar à vida, mas já não tinha forças. Decidi entregar-me à morte para ver até onde esta me levava. Fechei os olhos e sofri em silêncio. Pouco tempo depois, o meu coração acalmara, o veneno desaparecera e a minha respiração voltara ao normal. Quando abri os olhos vi-te e abracei-te em sobressalto. Sentia-me vivo novamente mas sabia que aquilo, era a morte.
«Onde estamos amor?», perguntei mesmo já sabendo a resposta.
«Nas estrelas! Ali, era onde tu estavas deitado. Eu andei sempre contigo!», disse emocionada.
«Agora é para sempre?».
«Não, até o sempre um dia terá fim...»

sábado, 31 de março de 2012

A Vida Já Não Tinha Qualquer Significado Para Mim...

A chuva caía no chão mas não da maneira como caía antes, o brilho do sol já não era tão intenso, o azul do céu já não era tão bonito e a vida já não tinha qualquer significado para mim. Nada parecia tão belo a partir do momento em que partiste. O meu mundo desmoronara-se como um grande muro que protegia o meu coração. A chama que me mantia vivo por dentro extinguíra-se. Tudo o que restava em mim, eram memórias e recordações... Memórias do teu cheiro, memórias do teu toque. Memórias que ainda me faziam sorrir apesar da tristeza carregada em cada sorriso. Isso, era tudo o que me mantia vivo. Era tudo o que me mantia ligado a ti, a nós. Não deixaria esta vida porque não iria cumprir a promessa que te fizera... Tu querias ver-me feliz, mas feliz, seria a última coisa que eu iria estar. Tu eras a minha felicidade, a minha vida, o meu amor e a minha esperança e tudo isso fora arrancado de mim...
Olhei para o céu estrelado e, pela primeira vez depois de partires, comecei a chorar. As lágrimas de cristal escorriam-me pelo rostos caindo e quebrando-se ao embaterem no chão. Passávamos noites inteiras na praia a observar o céu.
Tudo isso acabara, olhei para baixo, limpei as lágrimas dos olhos e continuei o meu caminho em busca de algo que me desse vida como tu me deste...

domingo, 18 de março de 2012

Se Morresses, Eu Morreria Contigo...

Sob as estrelas do luminoso céu, abraçava-te intensamente. Fi-lo porque o pressentimento de que te ia perder assombrava a minha alma. Dos teus olhos fluíam lágrimas, apressei-me a limpá-las e sentámo-nos na relva daquele fresco prado. A brisa suave de verão embatia sobre ti emanando o cheiro do teu perfume...
«O que tens amor?».
«Estou feliz por finalmente estar aqui, contigo, para sempre...» - as lágrimas caíam agora mais rápido.
Beijei-te.
«É mesmo para sempre?» - o receio que tinha de te perder não havia desaparecido.
«Não! Na verdade, vou partir! Vou deixar aquilo que eu mais amo, a minha vida, a minha razão de viver. Vou deixar tudo isso para trás...» - os meus olhos abriram-se de incredulidade.
«Vais deixar-me? Porquê?! Eu preciso de ti, ao pé de mim...» - agora também eu chorava.
O silêncio abatera-se sobre a noite gélida por alguns segundos.
«Desculpa.».
 Foi tudo o que disseste olhando para o relógio. Cada segundo parecia eterno, o meu coração bombeava lentamente. Se aquilo não era o fim, então estaria muito próximo.
Levantaste-te e preparaste-te para partir.
«Eu amo-te, leva isso contigo no coração...».
«Eu também te amo.».
«Então leva-me contigo. Leva-me para onde quer que vás, mesmo que esse sítio seja a morte...».
E com um forte abraço e um beijo intenso, consegui perceber que a resposta era positiva.
As lágrimas agora caíam-me de felicidade. Se morresses, eu morreria contigo.

sexta-feira, 9 de março de 2012

O Harmonioso Barulho Da Chuva...

Com o harmonioso barulho da chuva a bater na janela do nosso quarto, não conseguia dormir.
Cada gota era uma nota musical criando assim, uma perfeita melodia...
Olhei para o lado, vi que dormias profundamente e lembrei-me do quanto adoravas aquela chuva... Estou certo de que a estavas a ouvir, mesmo não estando acordada. Acariciei-te o rosto e beijei-te. Os meus lábios frios embateram sobre os teus que ferviam como lava.
Era uma sensação única, nostálgica e deveras cativante. Cada beijo era especial, inesquecível.
O beijo que ateara o fogo do nosso amor seguia o ritmo da chuva.
Agora, não só a melodia recitada pela chuva estava perfeita, como também todo o momento o estava. Tudo estava perfeito devido ao facto de nunca mais haver distância entre nós.
Tu agora estás comigo, para o todo e eterno sempre...
E na chuva granizada que batia no parapeito da janela como pequenos meteoros, continuavas tu, adormecida pelo som de tão bela melodia...

domingo, 26 de fevereiro de 2012

O Meu Coração...

Sobre os longos prados da dor, o meu coração bombeava saudade. Saudade de viver, saudade de sentir, saudades de chorar e de sorrir. O meu coração sentia saudades de amar.
Não deixando cicatrizar as feridas, a minha mente relembrava cada momento passado.
Tempos de amor, de felicidade.
A cada dia que passa a saudade aumenta e o meu coração vai batendo cada vez mais devagar.
Mas nem tudo é mau... Ainda oiço a tua voz. É ela que me garante que estás à minha espera onde quer que estejas e que estás comigo para onde quer que eu vá.
Entre nós, ainda há amor, mas o meu coração ainda sente saudades. Sente saudades tuas. Sente saudades de bater aceleradamente, de se sentir vulnerável, de sentir o teu coração a chamar por si...
Ele sente saudades disso tudo, sente e continuará a sentir.
Por ele, passarão ventos, mas dele nunca arrancarão a memória e a saudade daquilo que, em tempos, lhe deu vida...

sábado, 18 de fevereiro de 2012

O Teu Lugar É Comigo...

Será a dor assim tão relativa? Tratar-se-á de algo cuja mente possa controlar?
Se realmente é, a minha não tem a capacidade de o fazer.
Desde que partiste que a tua ausência me provoca um enorme e constante vazio que me corre pelas veias, atingindo-me no coração. A cor esvaiu-se do meu mundo tão rápido como a chuva cai do céu. Vejo-te em sonhos, tão bela como quando te vi pela última vez. O teu cabelo loiro brilha sob a luz do Sol e da Lua; os teus olhos azuis transmitem amor e inocência e a tua pele, branca como a areia dos grandes desertos, é pura e límpida.
Cada vez que me lembrava do teu rosto era impossível não derramar uma única lágrima. Chorava para que, com toda a dor que sinto, os Céus me devolvessem aquilo que para mim, era a vida. O teu lugar é comigo, eu tenho que tomar conta de ti.
Tomando a consciência do absurdo que tinha pensado, floresceu nos meus lábios um sorriso bastante irónico. Era impossível isso acontecer...

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Tu Nunca Te Foste Embora...

Do cimo daquele monte observava a linha do horizonte... Dali conseguia ver toda a extensa floresta. Nada tinha a mesma beleza que costumava ter quando ainda estavas comigo. As pétalas das flores e as folhas das árvores rendiam-se à gélida brisa que por ali passava; os pássaros já não cantavam e o sol já não brilhava. Todo o céu estava coberto por nuvens negras que ameaçavam explodir a qualquer hora. Uma lágrima escorre-me pelo rosto, relembrando-me de como adoravas aquela floresta.
Pelos campos da saudade, o meu coração batia cada vez mais devagar... Aguardava agora de joelhos que a morte se abatesse sobre mim. Entretanto, começou a chover...
«Tu vieste, aliás, tu nunca te foste embora...». Era tarde demais... As minhas forças e a minha esperança esvaíram-se do meu corpo dando lugar à mágoa e à saudade. Por fim, caí no chão já sem vida... Quando acordei, vi-te a olhar para mim, com o mesmo olhar doce e calmo de sempre...
«Não amor, eu nunca te deixei... Estive contigo em cada lágrima que derramaste...».
«Desculpa, não aguentei viver longe daquilo que me fazia sentir vivo, daquilo que me fazia feliz...».
«Não tem problema, a partir de agora, serás só tu e eu...».
«Prometes?».
«Prometo».